segunda-feira, 24 de abril de 2017

Audiência Pública

Césio-137: “Até hoje somos discriminados”, diz presidente de associação

Fórum Permanente Sobre o Acidente com o Césio-137 foi lançado na manhã desta segunda-feira em Goiânia
Lançamento do Fórum Permanente sobre o acidente com o Césio-137 | Foto: Carlos Costa/Alego
Foi lançado na manhã desta segunda-feira (24/4), na Assembleia Legislativa de Goiás, um fórum permanente para debater o acidente radiológico com o Césio-137 que, em setembro de 2017, completa 30 anos. A ação tem como principal objetivo colocar em destaque a restauração da cidadania das vítimas e a preservação da memória da tragédia.
Na solenidade de abertura do lançamento do Fórum Permanente Sobre o Acidente com o Césio-137, o presidente da Associação dos Contaminados, Irradiados e Expostos ao Césio-137 (Aciec), João de Barros Magalhães, discursou sobre a importância da iniciativa e comentou a discriminação que as pessoas afetadas pelo acidente ainda sofrem.
“Até hoje, somos discriminados. Um acidente tão sério que não é debatido com o destaque que merece pelas autoridades, por isso os problemas com as vítimas vêm se arrastando ao longo dos anos”, ressaltou João de Barros.
Representando a Associação das Vítimas do Césio-137 (AVCésio), Suely Lina de Moraes também participou do evento na Alego. Na ocasião, ela reivindicou do Poder Público maior amparo aos associados. “Mesmo após 30 anos, o acidente ainda pode ter consequências gravíssimas para as vítimas”, lembrou.
Ela explica que a AVCésio tem 1.200 pessoas associadas, sendo que 16 delas recebem R$ 1.560,00 de pensão e o restante recebe R$ 780,00. “Todos temos problemas de saúde e muitos dos médicos não sabem dar diagnóstico para nós. Antigamente, eles davam remédios a todas as vítimas, agora não fazem isso mais e não temos condições de pagar, pois a pensão é mínima.”
Relato
Durante o lançamento do fórum, Santos Francisco de Almeida, representante das vítimas militares e seus descendentes, também falou sobre o preconceito que ele e sua família sofreram durante os 30 anos de acidente com o material radioativo.
“Minha filha que é vítima de segunda geração, passou por 11 escolas pois nenhuma queria que ela estudasse e não davam respaldo necessário por ela ser vítima do césio. Além disso, quando ela foi adentrar em um curso superior sofreu bullying da própria coordenadora do curso”, contou.
Ele ressalta sua indignação com tal situação, pois lembra que a filha teve que terminar os estudos em uma cidade do interior, o que ainda assim não impediu que sofresse perseguição. “A situação trouxe prejuízos emocionais, financeiros e também intelectuais à minha filha. Mesmo migrando para o interior do Estado ela não consegue ser respeitada como cidadã”, lamenta.
Iniciativa
Coordenador do grupo responsável pela criação do fórum, o professor Júlio Nascimento explica que os objetivos da iniciativa vão muito além de fazer debates sobre os problemas enfrentados pelas vítimas. “Vamos analisar a situação atual das vítimas, lutar por direitos como assistência à saúde, remédios e pensões”, sustenta.
Júlio Nascimento informa que com o reforço de diversas instituições de Goiás, do Brasil e também do exterior, as atividades do fórum serão levadas até a sociedade por meio de seminários, palestras, visitas dirigidas pelas vítimas aos locais do acidente e, também, por meio da internet. “Vamos trazer especialistas de outros locais do país e do mundo para pontuarmos mês a mês as atividades relacionadas às questões do Césio-137″, acrescenta.
De acordo com ele, o espaço ficará aberto à participação de todas as pessoas e instituições que, compartilhando de seus objetivos, “queiram somar forças por meio de projetos, experiências, estudos, pesquisas, reflexões e produções artísticas” sobre o tema. (Com informações da Alego)

http://www.jornalopcao.com.br/ultimas-noticias/cesio-137-ate-hoje-somos-discriminados-diz-presidente-de-associacao-92601/

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